Web Summit Rio
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O Nubank passou a se definir como “AI-first”, acredita que “co-pilotos” baseados em inteligência artificial serão usados em todos os departamentos da fintech e prevê o ponto de inflexão no uso de IA hoje estará por trás da maior parte dos ganhos de valor e eficiência dos próximos cinco anos, resumiu o chefe da tecnologia do banco digital nesta quarta-feira no Web Summit.

— A gente nasceu “mobile-first” (foco no celular) e “cloud-first” (foco na nuvem). Agora, embora a gente use IA desde o princípio, o posicionamento como “AI-first” (foco em IA) representa uma guinada e se deve ao fato de estar muito evidente como a IA vai transformar as interações com os clientes — disse Vitor Olivier, CTO e um dos primeiros funcionários do Nubank, no time desde 2014.

De acordo com ele, a guinada está exigindo mudanças na estrutura organizacional e nas rotinas operacionais das equipes.

— Estamos neste momento consolidando os escopos de times para agregar massa crítica em IA e focar mais nessa construção de valor — explicou Olivier ao GLOBO. — Essa tecnologia terá papel importante na produtividade. Estamos prevendo um futuro de "co-pilot everywhere", do programador às relações públicas. Toda parte da empresa terá um co-piloto baseado em IA específico. Já estamos experimentando alguns.

O modelo de "co-piloto" ganhou evidência com a GitHub, o ecossistema para programação que pertence à Microsoft, que criou uma ferramenta de IA que ajuda desenvolvedores a escreverem seus códigos. Posteriormente, a própria Microsoft embutiu "co-pilots" no pacote Office, de olho em ganhos de produtividade para os usuários.

Fraudes

De acordo com Olivier, as novas ferramentas de IA vão proporcionar o que ele chama de "auto supervisão". Seria um conjunto de rotinas de "machine learning" (aprendizagem de máquinas, um tipo de IA) mais sofisticadas do que as comumente usadas hoje, capazes de "ler" com maior autonomia os chamados dados não estruturados — aqueles que são mais difíceis de classificar, como o comportamento de compras do usuário ou a forma como ele navega no aplicativo do banco.

— E aí que vemos um ponto de inflexão. As Big Techs já estão fazendo isso em escala. Se a gente aplicar mecanismos similares, será mais fácil, por exemplo, identificar fraudes, fazer recomendações de conteúdo ao cliente, etc. É aí que estará o maior ganho nos próximos cinco anos. A IA será uma ferramenta de amplificação — explicou.

Em meio a uma epidemia de golpes bancários no Brasil — de "deep fakes" para tentar acessar o app ao cúmulo da estelionatária que levou um correntista morto a uma agência — o Nubank enxerga potencial importante no uso da IA para combater fraudes.

— Nós já usamos, claro, uma série de critérios para verificar a identidade da pessoa, como senha, PIN, localização, tipo de compra, reconhecimento facial 3D, etc. Mas estamos estudando elementos mais granulares, baseados em IA. Isso permitirá que a gente considere critérios que são difíceis de se avaliar usando modelos tradicionais, como a maneira como o cliente se comporta no app — acrescentou.

Modelo próprio

De acordo com Olivier, o Nubank está construindo o seu próprio "foundation model" — isto é, uma infraestrutura de IA proprietária robusta — cuja principal missão será identificar clientes a partir de padrões de utilização.

De acordo com ele, o Nubank já impede cerca de US$ 350 milhões em fraudes por ano.

A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada pelo Senac RJ e Itaú, com o apoio da Prefeitura do Rio | InvestRio.

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