Mercado otimista e a era da inteligência artificial: os destaques do Web Summit Rio 2024

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Boa leitura!

Diferentemente do ano passado, quando o ecossistema ainda sentia os efeitos desafiadores da escassez de capital, nesta edição do Web Summit Rio, tanto investidores como empreendedores se mostraram mais otimistas. Bedy Yang, sócia da 500 Global, disse no palco que “o inverno acabou”. Hernan Kazah, cofundador da gestora Kaszek, falou em entrevista a PEGN que 2024 será com certeza melhor do que o ano passado.

A inteligência artificial seguiu dominando as conversas, mas agora em fase de consolidação. Foram muitos os lançamentos de soluções baseadas na tecnologia. O potencial das fintechs e o empreendedorismo feminino foram outros pontos de interesse.

A convenção ainda teve anúncios de peso como a chegada do unicórnio Cloudwalk aos EUA, dando início à sua expansão internacional, e a entrada da plataforma de social media “hate-free” Striver no Brasil.

Na competição PITCH, a vencedora foi a startup carioca deco.cx, uma plataforma SaaS que facilita a criação de sites para e-commerces a partir de templates prontos.

A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada por Senac RJ, Itaú BBA, e conta com o apoio da InvestRio | Prefeitura do Rio de Janeiro.

No primeiro dia de evento, no painel “Construindo um ecossistema por meio da educação”, a sócia da 500 Global Bedy Yang disse: “Acho que o sentimento geral, da perspectiva do investidor, é que o inverno acabou”. A fala da executiva resume bem o tom do Summit. Gestores e investidores afirmaram em diferentes momentos que o humor do mercado melhorou e acreditam que 2024 terá mais capital disponível.

Magnus Grimeland, fundador da Antler, gestora global de VC, por exemplo, lembrou que grandes companhias foram criadas em momentos de crise; além disso, o ambiente está mais amigável. “As coisas estão começando a melhorar em outras partes do mundo, como nos EUA. Então, acredito que estamos no começo de um novo ciclo de crescimento de investimento no Brasil também”, falou no painel “O estado do VC em 2024”, ao lado de Laura Constantini, investidora e cofundadora da Astella.

Em um momento em que indústrias de diferentes setores buscam formas de utilizar a inteligência artificial para conseguir mais eficiência e cortar custos, o Web Summit Rio 2024 foi palco para lançamentos de soluções com a tecnologia aplicada. Reunimos algumas das novidades:

Zenklub. A HRtech lançou duas soluções de IA que fornecem dados organizacionais para líderes de empresas e times de saúde e promovem bem-estar no ambiente corporativo. ClariRH e ClariSaúde são assistentes virtuais que oferecem informações sobre o risco de adoecimento dos colaboradores, sugerir planos de ação e criar gráficos sobre saúde mental dos funcionários.

AEVO. A startup de gestão de estratégia de inovação fez o pré-lançamento de uma inteligência artificial generativa para melhorar a qualidade das ideias de inovação propostas pelos colaboradores durante programas realizados pelas empresas. Segundo a startup, a tecnologia foi treinada para contribuir com a criação de ideias, possibilitando que os colaboradores sejam mais propositivos.

Bettha. A HRtech lançou a plataforma Bettha’s Self, que pretende otimizar a forma que empresas encontram e selecionam novos talentos para o quadro de colaboradores, com foco em pequenos e médios negócios. A tecnologia disponibiliza uma lista de candidatos ideais, a partir da análise de dados sobre as competências técnicas e visão de cultura. A startup afirma que os testes com a plataforma registraram acurácia de mais de 90%.

Traive. A fintech de financiamento para a cadeia do agro anunciou o lançamento do chatbot TravisChat, que utiliza raciocínio abdutivo – tomada de decisões a partir de observações geradas por dados – para aumentar a eficiência no setor.

GalilAi. A startup lançou duas ferramentas para pequenos negócios potencializarem a presença nas redes sociais: um editor de vídeos instantâneo e um calendário para automatizar o processo de gestão de redes sociais. Ambos usam inteligência artificial para a criação de vídeos, publicações, legendas e designs.

As startups que oferecem serviços financeiros foram destaque no Web Summit Rio. “Na América Latina, e principalmente no Brasil, existem muitas oportunidades. Certas estruturas que foram promovidas pelo governo, como o pix, abriram a possibilidade de criação de produtos financeiros por pequenas e médias empresas. As pequenas empresas são o tecido da América Latina”, disse no palco Gabriela Ruggeri, sócia-diretora da Kamay Ventures. “O pix é o método de pagamento que mais cresce no mundo, mas o UPI, da Índia, é o maior, com 40% das transações mundiais. Uma revolução digital enorme está acontecendo”, afirmou Michael Schlein, presidente e CEO da Accion.

E, mesmo em 2024, a necessidade de aumentar a presença feminina entre founders de startups foi ressaltada. “Menos de 5% das startups brasileiras são fundadas por mulheres e esse número cresceu pouco nos últimos anos. Temos uma falsa sensação de que estamos tendo mais voz, mas na prática não está acontecendo. Precisamos de incentivo financeiro, temos que investir em mulheres para que elas tirem os negócios do papel”, afirmou Fiorella Mattheis, fundadora da Gringa. “Se você é investidor, invista em mulheres. Elas existem. Procure por elas. Diversifique seu pipeline”, disse Rafaela Frankenthal, cofundadora e CEO da SafeSpace, em outro painel.

“Trata-se de uma oportunidade de negócio despercebida. As founders trazem mais receita, queimam menos caixa, e conseguem retornos melhores mais rapidamente. Essencialmente, fazem mais com menos”, apontou Jaana Goeggel, sócia-fundadora da Sororitê, comunidade de investidoras-anjo. “Seria de se pensar que investidores aportariam mais em mulheres. Mas não é o caso. Apenas 3% do capital é gerido e controlado por investidoras. É um problema imenso, porque não há diversidade no topo. E mulheres são duas vezes mais inclinadas a investir em outras mulheres.”

WeWork e Raketo. As empresas uniram forças para inaugurar um novo hub de inovação em São Paulo, o WeWork Garage by Raketo. A novidade prevê incentivar as conexões para o crescimento de startups, seja com potenciais clientes, fornecedores ou investidores. A iniciativa também pretende promover experiências de mentoria.

Toku. A startup chilena que auxilia empresas a realizar pagamentos recorrentes anunciou a captação de US$ 9,3 milhões (cerca de R$ 48 milhões). A rodada Series A liderada pela Gradient Ventures também contou com a participação dos fundos F-Prime Capital, Clocktower, Y Combinator, Wollef e Fundersclub. Segundo Cristina Etcheberry, cofundadora e CEO da Toku, 30% do valor será investido para expansão do negócio no Brasil.

Turbi. A startup de aluguel e assinatura de carros captou R$ 45,5 milhões em investimento liderado pela DOMO.VC,. com participação de Reag Investimentos e Carbyne Investimentos. O valor será utilizado em tecnologia, aprimoramento de produtos de aluguel e desenvolvimento de uma estrutura de venda de seminovos. Em janeiro deste ano, a empresa recebeu R$ 150 milhões para adquirir 1.625 novos veículos.

Sólides. A HRTech focada em serviços de gestão de pessoas para PMEs anunciou a aquisição da solução Folha de Pagamento Digital, da 2easy, empresa especializada em gestão de processos para folha de pagamento, recursos humanos e gestão de benefícios. Com a transação — que não teve seu valor revelado —, a Sólides quer se consolidar como uma one stop shop, reunindo diferentes atividades, como recrutamento e seleção, treinamento, controle de ponto e gestão de benefícios.

BrandLovrs. A plataforma que une criadores de conteúdo e marcas captou R$ 35 milhões em rodada liderada pela gestora de capital de risco Kaszek. O objetivo do investimento é acelerar o crescimento da empresa, inserindo serviços financeiros, como antecipação de recebíveis, e utilizando inteligência artificial para sugestões de publicações para os creators.

Tembici e BNDES. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou um financiamento de R$ 84,6 milhões para a startup de mobilidade Tembici investir em seu plano de inovação para os anos de 2024 a 2026. Os recursos serão direcionados para pesquisa e desenvolvimento. A iniciativa faz parte do esforço do banco para promover mobilidade sustentável, dentro do programa Nova Indústria Brasil, diz o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. "Além de promover a locomoção sem emissão de CO2, estamos financiando a inovação, fator fundamental para o desenvolvimento e estruturante para colocar o Brasil no caminho da neoindustrialização."

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